Quando se fala em eficiência no transporte rodoviário, quase todo mundo pensa primeiro em diesel. Porém, existe um segundo centro de custo poderoso: a gestão de pneus. Custo que, inclusive, pode mudar drasticamente o caixa da transportadora. Se hoje sua empresa enxerga pneu apenas como despesa, este conteúdo pode ser o ponto de virada.
Da borracharia ao departamento: o primeiro passo da gestão de pneus
A gestão de pneus começa bem antes da compra. Ou seja, começa na forma como a empresa enxerga o assunto. A cena clássica você conhece:
“Segue lá no fundo, perto do galpão… ali é a borracharia.”
Entretanto, essa visão cria um efeito imediato: pneus passam a ser “problemas para apagar”, e não custos para gerir.
As transportadoras mais maduras já enxergam diferente. Elas:
- abandonam o termo “borracharia”;
- chamam a área de Departamento de Pneus;
- tratam pneus como centro de custo;
- colocam processos, metas e responsáveis claros.
Assim, abre-se espaço para decisões melhores.
Controle não é gestão de pneus
Muita frota acha que faz gestão de pneus… porém, só faz controle.
Controle é o básico:
- anotar número de fogo;
- registrar posição;
- saber onde o pneu está;
- marcar km de entrada e saída.
Importante? Claro. Mas, isso não reduz custo.
A gestão começa quando você passa a responder perguntas como:
- Por que esse pneu está morrendo mais rápido?
- Qual modelo rende mais por km?
- Qual eixo sofre mais desgaste?
- Vale a pena recapar agora ou parar?
- Quanto custa cada pneu por km rodado?
É aqui que entra o CPK. Consequentemente, ele é o divisor entre achismo e estratégia.
O CPK é a bússola da gestão de pneus
Sem CPK, compra vira:
- hábito;
- preferência pessoal;
- “a marca que sempre funcionou”;
- pressão do fornecedor.
Com CPK, ao contrário, vira decisão técnica.
E algumas perguntas passam a fazer sentido:
- Qual pneu entrega o melhor resultado na sua aplicação (urbano, rodoviário, florestal)?
- Quando a recapagem deixa de ser vantagem?
- Em qual vida o pneu começa a virar prejuízo?
- Vale mais a pena uma carcaça nova ou vender a usada?
CPK muda tudo.
“Tenho 400 pneus sem controle nenhum. Por onde começo?”
Comece organizando. Primeiro, faça um inventário bruto:
- marque todos os pneus;
- registre posição, km, sulco, calibragem;
- avalie alinhamento e estado geral.
Depois, coloque tudo em um sistema, mesmo que básico.
E, principalmente, defina um responsável. Afinal, sem dono, a gestão morre na primeira semana.
Crie rotina mínima:
- calibragem semanal;
- leitura de sulco a cada 15 dias;
- registro de impactos (buraco, doca, lavoura).
Dessa forma, a gestão de pneus começa no pátio, não no software.
Os detalhes invisíveis que acabam com o pneu
Desgaste irregular nunca é azar. Ao contrário, é sintoma.
E, normalmente, o problema está fora do pneu.
Os vilões mais comuns:
- alinhamento mal feito;
- calibragem errada;
- excesso de impacto lateral;
- manobras agressivas;
- rodar no limite do sulco;
- sobrecarga;
- operações quentes.
Consequentemente, o pé do motorista decide se você compra mais ou menos pneus no final do ciclo.
Por isso, não existe gestão de pneus sem treinamento, reconhecimento e envolvimento dos motoristas.
Recapagem na gestão de pneus: aliada ou prejuízo?
Muita empresa ainda acredita que recapar = economizar. Porém, nem sempre.
A 2ª vida costuma ser excelente.
A 3ª vida, por outro lado, vira loteria.
Quando a recapagem dá errado, quase nunca é culpa da recapadora. Geralmente, a carcaça já chega destruída.
E o que destrói a carcaça?
Calibragem baixa, desalinhamento, impacto, temperatura, arraste, condução agressiva e o famoso “deixa rodar mais um pouco”.
A gestão de pneus precisa responder três perguntas:
- Recapar? (quando a carcaça está boa)
- Parar? (quando o risco supera a economia)
- Vender? (quando ainda há valor, mas não vale outra vida)
Essas escolhas movem dinheiro para dentro (ou para fora) da operação.
Vida longa x vida econômica
Esse ponto confunde muita gente.
Afinal, um pneu que rodou muito não necessariamente gerou economia.
Nas vidas avançadas, o pneu pode:
- consumir borracha mais rápido;
- desgastar irregularmente;
- gerar mais paradas;
- perder estabilidade.
Ou seja, às vezes roda muito… mas roda mal.
Gestão de pneus é gestão financeira
No fim, tudo volta para o mesmo lugar: gestão de pneus é gerenciamento de dinheiro.
Quem só anota km e troca quando estoura, inevitavelmente, paga mais caro.
Quem mede, compara e ajusta, por consequência, economiza sem comprometer a segurança.
E tem um ponto final: Gestão de pneus não começa na oficina. Começa no motorista e termina no caixa.
Na Gobrax, sabemos que pneus, diesel e manutenção formam um tripé. Assim como tudo na operação, um impacta o outro. Nenhum resultado acontece sozinho.
A estrada sempre ensina, e a gente está aqui para traduzir isso em resultado. 🚚